domingo, 15 de abril de 2012

Psicanálise - Sexualidade e Envelhecimento

A sexualidade nos idosos é objeto de controvérsia. Os estudos demográficos apresentam resultados que devem ser analisados com reserva uma vez que essa população não costuma se comportar e falar de maneira aberta quando questionados sobre sua sexualidade. De maneira geral se aceita que à medida que os anos avançam o interesse, frequência e o desempenho dessa atividade diminuem em ambos os sexos.
Nas mulheres o interesse costuma diminuir mais que em relação aos homens. Fatores como o estado civil, o status social e a presença de doenças afetam essa atividade de maneira determinante e devem ser considerados. Doenças cardíacas, insuficiência coronariana e infartos recentes podem gerar estados de ansiedade e insegurança interferindo nessa esfera. Acredita-se que pessoas idosas que são aptas para subir um lance de escadas sem desconforto, têm condições físicas para manter uma vida sexual satisfatória sem grandes problemas. Existe um Rol de doenças que realmente acabam por interferir seriamente e entre elas se destacam:
Artrites: Dores articulares podem limitar a atividade sexual, cerca de 50% dos casos. O tratamento das dores, medidas de reabilitação física e o aconselhamento sobre as posições mais confortáveis no intercurso sexual minoram essa condição.
Próstata: Homens submetidos à ressecção transuretral parcial ou total da próstata são vítimas frequentes de impotência. Em 90% das cirurgias desse tipo, uma complicação, que deve ser discutida com o médico antes do procedimento, é a ejaculação retrógrada quando o líquido seminal, ao invés de ser expelido no orgasmo, flui para o interior da bexiga urinária. A capacidade de conseguir uma ereção não costuma estar comprometida.
Câncer: Compromete a função hormonal, Vascular e Neurológica. A Dor é o fator maior, efeitos da quimio e da radio podem refletir na imagem corporal. Mulheres que são submetidas a cirurgias rutilantes como a mastectomia costumam ter sua sexualidade comprometida por ansiedade e medo da reação e/ou rejeição do parceiro. O aconselhamento profissional psicológico e a passagem do tempo aliviam esse tipo de manifestação.
Disfunções Cardíacas: Muitas pacientes que sofreram ataques cardíacos, temem que relações sexuais possam causar outros ataques. Verifica-se que esse risco é muito baixo, se seguidas às orientações médicas. Em geral pode-se recomeçar a atividade sexual após um período variável entre 12 e 16 semanas.
AVE: Comprometimento da função motora, sensorial, emocional e cognitiva. Declínio na frequência de interesse e da atividade sexual.

Sexualidade masculina

Nos homens idosos, o padrão de sexualidade é um dos componentes essenciais para a qualidade de vida. Assim como nas senhoras, é esperada uma diminuição na motivação, frequência e desempenho. O sexo em si perde suas cores. A questão emocional sempre acompanha os contatos mais íntimos onde o afeto torna-se cada vez mais presente e necessário. Na ausência de doenças a rigidez do pênis costuma ser adequada para o intercurso até idades bastante avançadas.
A ereção é mais demorada e normalmente conseguida com estimulação direta mais prolongada. A impotência ou disfunção erétil é de longe a questão sexual que mais aflige a população masculina. O hormônio masculino, testosterona, é responsável pela libido (desejo) e também na manutenção da integridade dos tecidos e dos órgãos envolvidos no processo. Com o passar dos anos há um declínio natural das taxas desse hormônio que acabam por determinar essas alterações.
Taxas muito baixa são corrigidas com suplementação. A ereção é um ato complexo relacionado com fantasias e/ou estimulação local direta. Essa reação é regulada basicamente pelo cérebro e medula nervosa. São liberadas substâncias que causam a dilatação dos vasos sanguíneos e o preenchimento dos corpos cavernosos do pênis (pequenas bolsas laterais) resultando na rigidez do órgão. As veias se fecham e aprisionam o sangue nessa região conferindo a manutenção da ereção. Após o orgasmo, as veias deixam o sangue escoar, as artérias voltam ao seu calibre normal e a ereção termina.
Na investigação da impotência, a ultrassonografia fornece importantes informações com respeito à integridade dos vasos sanguíneos. Os exames laboratoriais mais comuns incluem a dosagem de testosterona total e livre, a glicemia e eventualmente a dosagem de prolactina. A verificação das taxas de glicemia é fundamental uma vez que o diabetes mellitus é uma causa frequente de impotência sexual. A verificação da pressão arterial é obrigatória no exame físico. Grande parte dos portadores de hipertensão arterial apresenta disfunção erétil como complicação.

Avaliação clínica da disfunção erétil

Um dado de importância quando se avalia uma queixa de disfunção é se há ereção noturna “involuntária”. A presença desse tipo de ereção demonstra não haver problemas relevantes de ordem física recaindo as possibilidades em causas emocionais. A ausência conduz à possibilidade de doenças associadas ao processo. A impotência sexual de aparecimento súbito normalmente está relacionada ao uso de alguns medicamentos ou devida a traumas emocionais. A alternância entre boas e más ereções faz pensar primeiro em problemas psicológicos. A piora progressiva sugere a coexistência de doenças. Alguns hábitos relacionados ao estilo de vida como o tabagismo, o consumo excessivo de álcool e o uso de drogas podem estar intimamente relacionados com o quadro. Algumas condições e doenças devem ser especialmente investigadas: · Diabetes mellitus · Hipertensão arterial · Doenças vasculares · Cirurgias (próstata, aneurisma de aorta) · Ginecomastia (aumento das mamas por doença endócrina) · Abdome volumoso e pênis de pequenas dimensões · Doenças neurológicas periféricas · Atrofia dos testículos